segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Gota, a gota


Gota, a gota, o líquido bate no fundo do frasco.
Gota, a gota, até que toque o gargalo.
E seus olhos não desfocam da suave imagem do líquido vermelho intenso que beija o suave cristal azul, cor do oceano profundo.
Da doce tarefa que se impôs poucas gotas é tudo o que resta. Sim, é doce e justa, necessária após a fatídica noite em que ele lhe feriu a pele e trespassou a alma. Não sendo capaz de satisfazer a sua vingança no causador da sua ferida, outros como ele pagariam a amarga dívida de se atravessar no seu caminho.
Sim, e gota a gota encheria o frasco até que esse sangue contaminado pela podridão do espírito do seu senhor viesse satisfazer a sua mágoa e finalizar o seu propósito.
Bela como o sol de Inverno e formosa como uma pintura saída da mão do mestre, brinca com os corações com a habilidade que a costureira impõe na sua arte. Oferece o leito mas nunca a si mesma, pois aquele que a teve fê-la jurar que seria o último. Ela caminha, sozinha, pelas ruas frias e cinzentas, para levar a sua arte aos covis da maldade exercendo a sua sede de vingança nos ignorantes alvos. Ah, se eles soubessem entenderiam, mas ela nunca lhes daria essa misericórdia.
E prosseguia, nunca satisfeita até que, gota, a gota, o fluído beije o gargalo e a sua dor jaza enterrada com o suave cristal azul, cor do oceano profundo, para sempre carregado do seu vil conteúdo.

2 comentários:

Inês disse...

Não tenho palavras :O

Inês disse...

Sim claro que gostei :) Se não gostasse tinha criticas a fazer :P
ehehe =D